Doenças inflamatórias intestinais (DII)
- Dr. Caio Magrini
- 18 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Definição
São doenças que causam inflamação crônica do trato gastrointestinal, entre elas: Doença de Crohn e Retocolite ulcerativa. A sua origem envolve uma interação entre fatores genéticos, imunorregulação da mucosa e microbiota intestinal. Cada uma das doenças inflamatórias intestinais apresenta padrões e comportamentos diferentes.
A incidência no brasil vem aumentando ao longo dos anos. É mais prevalente em mulheres e o diagnóstico costuma ser realizado na adolescência/adulto jovem, porém pode ser diagnosticado em alguns casos mais tardiamente.
Retocolite ulcerativa (RCUI)
Acomete o cólon e o reto. Costuma acometer a mucosa do cólon de forma contínua, porém a inflamação pode estar restrita a algum segmento.
Os sintomas são variáveis a depender da região acometida, mas incluem: dor abdominal, sangramento nas fezes, diarreia, urgência evacuatória e incontinência fecal. Manifestações extra intestinais não são muito comuns, porém podem se apresentar como: dor articular, alterações oculares, lesões na pele e alterações no fígado.
O diagnóstico é feito através de sintomas e exames complementares, como: colonoscopia, exames de imagem do abdome, marcadores inflamatórios nas fezes e exames laboratoriais.
O tratamento vai depender de múltiplos fatores como gravidade, idade do paciente, doenças associadas e resposta a tratamento prévio. Podem ser utilizados aminosalicilatos (mesalazina e sulfassalazina), imunossupressores e imunobiológicos. Em casos graves ou refratários ao tratamento, a cirurgia com retirada de parte ou com a retirada total do intestino grosso pode ser considerada.
Doença Crohn
Pode acometer desde a boca até o anus, embora acometa mais a porção distal do intestino delgado e o inicio do intestino grosso. Apresenta inflamação “mais profunda”, acometendo camadas mais profundas do intestino, podendo levar a estenoses e fístulas.
Os sintomas também variam: dor abdominal, diarreia, fadiga e sintomas de má absorção. Manifestações extra intestinais podem estar presente e costumam estar relacionadas com a atividade da doença: dor e inflamação articular, alterações oculares e lesões de pele.
O diagnóstico é feito com base na história clínica e exames complementares como: colonoscopia, endoscopia digestiva alta, exames de imagem do abdome, laboratoriais e de fezes, devendo-se sempre investigar atividade da doença também no intestino delgado.
O tratamento e feito com imunossupressores e imunobiológicos. Pacientes com complicações como estenoses ou fístulas podem precisar de tratamento cirúrgico e/ou endoscópico.
Conclusão:
As doenças inflamatórias intestinais são doenças que levam a sintomas incapacitantes e podem ter consequências graves se não forem corretamente diagnosticadas e tratadas. O diagnóstico e o tratamento podem ser desafiadores. Cada vez mais o tratamento deve ser personalizado e individualizado, considerando aspectos clínicos, sociais, culturais e econômicos.
Referências bibliográficas:
1-Consensus guidelines for the management of inflammatory bowel disease. Arquivos de Gastroenterologia, v. 47, n. 3, p. 313–325, jul. 2010.
2- Okobi OE, Udoete IO, Fasehun OO, et al. A Review of Four Practice Guidelines of Inflammatory Bowel Disease. Cureus. V13, n 8, agosto 2021
3-Maaser C. et al. ECCO-ESGAR Guideline for Diagnostic Assessment in IBD Part 1: Initial diagnosis, monitoring of known IBD, detection of complications, Journal of Crohn's and Colitis, V.13, n. 2, p 144-164, Fev. 2019
4- KLEINUBING-JÚNIOR, H. et al.. Perfil dos pacientes ambulatoriais com doenças inflamatórias intestinais. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo), v. 24, n. 3, p. 200–203, jul. 2011.
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